quinta-feira, 31 de março de 2016

O Silêncio de Helena Lubienska de Lenval

A decisão de educar nossos filhos em casa abriu minha mente não apenas no sentido pedagógico e cultural, mas sobretudo no lado espiritual.
Ao mergulhar neste universo, fui conhecendo autores que sequer tinha ouvido falar e fui me envolvendo de tal forma que, sem perceber, os caminhos que escolhemos começaram a apresentar contornos mais definidos, mais firmes, mais cheios de fé, amor e esperança.
Sim, houve momentos em que duvidei da nossa decisão e, sobretudo, da minha capacidade. E, neste ponto, não falo da capacidade de passar o conteúdo, pois, na idade que estão, isso resume-se a muito pouco. Falo da capacidade de saber prender a atenção deles, de tornar aquele momento divertido, prazeroso, de conseguir ter a paciência necessária e suficiente para trabalhar com eles e, acima de tudo, de conseguir mante-los quietos.
De início, fomos bombardeados por opções de modelos a seguir. O HS tem diversas linhas e modelos. Ouso dizer que cada família tem o seu, uma adaptação à realidade de cada uma. A nossa escolha foi se desenhando aos poucos, amadurecendo sem pressa. Por aqui optamos pela educação clássica e cristã, sobretudo católica, fé que professamos.
Neste aspecto, a autora que dá nome a este post foi - e tem sido - fundamental na construção do nosso modelo específico. Especialista na educação de crianças, criou uma pedagogia particular que prepara corpo, inteligência e alma e que desperta na criança o senso religioso. Discípula de Maria Montessori, Lubienska conseguiu integrar a metologia desta com a liturgia da igreja, cultivando virtudes e valores que, a meu ver, são cruciais para a definição do adulto que aquela criança irá se tornar.
Apesar de muito de sua prática ter traços do método Montessori, na minha opinião, Lubienska supera sua mestre quando decide criar uma educação da criança voltada para Deus. 
Suas práticas se misturam. Há exercícios criados por Montessori que Lubienska deu nova versão. Assim, é impossível dar o mérito a uma sem dividí-lo com a outra.
Umas das lições mais bonitas e, a meu ver a mais difícil, chama-se a Lição do Silêncio. Ela defendia o silêncio como sendo a verdadeira conquista do espírito! 
Eis um breve relato do exercício:
"A sala deve ficar na penumbra. As crianças, uma após a outra, param seus trabalhos e ficam imóveis. Não se move um pé, nenhum móvel estala. As crianças se tornaram como estátuas. Sua atenção está presa aos esforço para não se mexer. Quando o silêncio é completo, a professora, escondida atrás da porta, chama as crianças, uma a uma, com uma voz afônica, quase imperceptível. Todas estão atentas, e cada uma, ao ser chamada, levanta-se e vai, pé ante pé, ao encontro da professora.
Imobilidade: domínio do aparelho motor.
Expectativa do chamado: recolhimento da mente. Aí está o que é a lição do silêncio."
Tento implementar isso aqui em nossa casa, com nossos filhos, mas, confesso, é muito difícil. Já iniciei e parei algumas vezes, mas aos poucos eu mesma - inquieta e hiperativa por natureza - tenho tentado praticar este exercício a fim de colher todos os benefícios que ele engloba.
"Existe uma relação espantosa entre o silêncio bem feito e os progressos intelectuais da criança. À medida que se concentram, torna-se melhor seu rendimento: os defeitos de caráter desaparecem, a inteligência se abre e a própria expressão do rosto se torna calma e serena"
Não sei se por ser grande admiradora do silêncio e, por isso, sentir-me tão bem em sua presença, este exercício tem sido um grande desafio para mim. Não de fazê-lo, mas de implementá-lo na rotina das crianças. Lancei-me novamente este desafio, agora mais firme no propósito de que eles colham os frutos do silêncio: equilíbrio de caráter, domínio de si, ordem nas idéias e serenidade. 
No livro "Educação Religiosa da Criança", Lubienska dedica algumas páginas a esta prática. Tenho lido e estudado com afinco cada linha na esperança de acompanhar as crianças por este caminho de silêncio. 
As promessas que esta lição destaca não são apenas trunfos para um melhor aprendizado. São, sobretudo, o início do cultivo de um coração e de uma mente cativos a Deus. A prática do silêncio conduz gradualmente ao que podemos chamar de silêncio interior, exatamente aquele silêncio onde Deus fala...





2 comentários:

  1. Cara Irmã, tenho 3 livros de uma coleção que fala sobre o senso religiosa da criança, seguindo a linha da MM. Foi nas Paulinas (que nem sempre é reta na doutrina), mas estes livros são excelentes... e práticos. É desta coleção aqui: https://www.paulinas.org.br/loja/potencial-religioso-da-crianca-o-volume-1 Sua artigo me animou a começar o treino do silêncio novamente. Deus lhe pague!

    Julie Maria

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  2. Obrigada pelas indicações!!! Vou procurar! 😘

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