sábado, 7 de março de 2015

Doce Sinfonia de Silêncio

A tarde se despede em tons de fogo que desafiam as tintas. A dupla dinâmica brinca mais duas amiguinhas em frente à nossa casa e eu os observo com a miúda nos braços. visões de minha infância se desenham em minha frente resgatadas da densa névoa do esquecimento...
Pés descalços, cabelos ao vento, os medos e os pudores ainda por nascer, correm à caça da diversão que a chuva de ontem trouxe: tanajuras! De armas em punho - pás e baldes de praia - recolhem os pobres insetos que, provavelmente, vão ser o tira gosto da babá do vizinho. Após muita resistência, sobem para tomar banho. Hoje tem festinha!!! Oba!!! Enquanto dou banho na miúda que hoje não quis acordo com outro braço, eles se organizam para ir ao aniversário com o pai. Termino o banho e, de repente, aquele silêncio ensurdecedor invade a casa... Fico sozinha com Beatriz que, a esta altura, já estava desfalecida em meu peito.
Desço as escadas recolhendo a bagunça de um dia comum: brinquedos por todos os lados! Me sento vendo amenidades na internet, escrevo, saio para tomar um café enquanto observo a pequenina dormir pelo visor da babá eletrônica. Santa tecnologia, penso.
Fico ali, contemplando o silêncio e a escuridão, me desvencilhando das formigas de asas, estapeando uma ou outra muriçoca e esperando aqueles que sabem preencher meu coração como ninguém.
E. nessa breve jornada de cinema mudo, percebo que, apesar de amar o silêncio, tenho total dependência dos sons do meu doce cotidiano...

domingo, 1 de março de 2015

Um dia de Domingo...

Acordo com o cheiro do amor no ar...
Entrelaçada a Gabriel, escuto os primeiros ruídos da miúda que se remexe no berço. Olho no celular, nem sei porque, já que é impossível passarmos das 06:00 por aqui. Tento enrolar a pequena amamentando-a na rede. Inútil! O quarto se ilumina com o sorriso mais banguela de todos!
Saio e deixo o pequeno príncipe dormindo pois hoje ele perdeu a hora. Fico curtindo a miúda no silêncio do dia que nasce, congelando na memória esses momentos e pedindo piedade ao tempo para que deixe de passar tão depressa. Aos poucos a casa acorda. Um e outro. Sempre aquele nome doce a ecoar: mamãe!? Chamam na certeza de que irei abracá-los com meu bom dia cheio de amor. Descemos para o café. O pai sai e fico com os três. Sophia olha e com aquele olhar vivo e sagaz diz:"Agora somos só nós quatro! O que vamos fazer?"
Enquanto tento utilizar minhas habilidades de polvo para comer e segurar Beatriz, a mente já procura algo para entreter a dupla. Sem muita opção para comer, ligo a TV e coloco o trio sob supervisão de Peppa. Ufa! Alguns minutos de tranqüilidade. Durou pouco, o tempo suficiente para Beatriz entediar-se e querer dormir. Vou para a rede com ela enquanto eles bagunçam a sala. Entre risadas e brigas, o tempo vai passando e o pai chega. Deixo ele no comando e vou trocar Beatriz. Enquanto dou banho na miúda, percebo que o pai está no quintal com algumas visitas, mas as vozes da duplinha vem de outra direção. Com Beatriz enrolada na toalha, desço pela centésima vez as escadas à procura deles. Estavam brincando com o vizinho.
Ficam por lá um pouco. Gabriel sequer lembrou de nós; Sophia veio em casa três vezes certificar-se de que estávamos por ali, sempre ao seu alcance. Beatriz dorme. Vamos preparar o almoço!!! Sim, ainda nem chegamos ao meio dia!!!A tarde é relativamente tranqüila. Passeio de bicicleta com papai, um pouco de TV, mais brincadeiras com os vizinhos... Enquanto eles brincam, nós conversamos amenidades. Eles correm livres, pés descalços, gargalhadas fazendo coro com os pássaros que já se recolhem às árvores dando sinal de que o dia está terminando.
Beatriz dorme em meus braços. Cansou de observar a turma... em breve estará correndo e brincando com eles, penso. Volto para casa para o banho da ninhada... Primeiro um coletivo com a dupla que cria todo tipo de desculpa para não entrar e, depois que entra, todo tipo de desculpa para não sair. O choro de Beatriz é o alarme.
Limpos e cheirosos, deixo-os lanchando e brincando enquanto vou para o banho da pequenininha. Coloco-a para dormir. Ufa!! Eu a amo ainda mais quando dorme assim tão cedo: 18:00hs! Agora é só preparar o jantar, jantar, fazê-los jantar, brincar um pouco, colocar pijama, escovar dente, contar estórias e dormir, quiçá até antes mesmo deles!
Gabriel capota! Sophia se aconchega e sussurra:"Mãe, eu te amo!"e eu respondo:"Eu te amo mais!"E nesta disputa amorosa, dormimos aconchegadas, misturando nossos cheiros, saboreando a cumplicidade de uma relação que se desenhou desde o ventre, agradecendo a felicidade de um amor sonhado por mim e realizado por Deus.