sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Metamorfoses...

Há na maternidade uma certa solidão...
E esta solidão é por vezes incompreendida.
É a solidão da saudade que bate quando você vira a esquina para ir ao trabalho;
É a solidão dos olhares de questionamento quando você recusa uma promoção, chefia ou viagem para não ficar longe de seus filhos;
É a solidão de sentir-se sempre em julgamento pelas suas escolhas e, também, pelos afastamentos que que estas escolhas naturalmente promovem...
Acho que isso é natural, não sei...
À medida que você vai se aprofundando em determinados assuntos, parece que seu mundo vai se restringindo, que sua tolerância diminui e este espaço de solidão acaba sendo seu lugar preferido, seu refúgio...
Saio de casa contando os segundos para voltar... Para aqueles que restringiram meu mundo, mudaram minhas escolhas, firmaram meus valores, solidificaram minha fé, acorrentaram-me com amor...
E, apesar de presa sem correntes, livre sou para permanecer ao lado deles, para viver por e para eles, para afirmar que se tudo hoje tem algum sentido, esse sentido foi dado por eles.
Quando as renúncias são feitas por amor, até a solidão torna-se prazerosa...

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Mãetamorfose...

Ela apareceu em meio a exames que buscavam a causa para um sangramento renal... E, desde então, TUDO mudou!
Com um positivo em mãos e um sorriso de orelha a orelha, me descobri MÃE e foi, então, que fui descobrindo o que era que me faltava, o que era que preenchia aquele buraco em meu coração, como aquela última pecinha que define toda a paisagem de um quebra cabeça.
Dormi e li a gestação inteira! Procurei me informar sobre o que estava acontecendo comigo e tentei me preparar para ser algo que eu sonhei muito e por muito tempo.
Fui ZEN para a sala de parto, à espera do encontro mais desejado de toda minha vida, à espera do som daquele choro que desentupiu meu canal lacrimal fazendo jorrar rios de felicidades. Ela nasceu e, com este evento, me tornei uma mãe de primeira viagem.
Alguns contratempos adiaram nossa saída do hospital e a chegada em nossa casa só ocorreu 15 dias depois pois ela nasceu em João Pessoa. Tinha lido sobre a importância de uma rotina, de como fazê-la dormir bem, sobre amamentação e um outro catatal de coisas que acabaram naufragando na realidade que é um recém nascido. A rotina foi ela quem ditou, o sono era ela quem comandava e eu fui percebendo que gastei tempo e dinheiro em vão com alguns livros...
Vieram as cólicas, os dentes, os primeiros passos, as primeiras palavras e eu sempre ali, vivendo aquele sonho com nome e sobrenome.
Dormia quando ela dormia, continuei estudando para concurso quando ela dormia à noite, enfim, era um cansaço sem esgotamento, talvez o desejado por muitos, mas não por mim...
Quando ela completou 8 meses eu engravidei de Gabriel. E aquele cansaço quase mortal de início de gravidez somado ao sono sem precedentes do primeiro trimestre e aos enjôos que destroem, me fizeram pensar se não foram eles os inspiradores do bordão "Pede para sair!"
A gravidez já não foi das mais tranqüilas... E o esforço de cuidar grávida de uma bebê de 8 meses acabou por me colocar de repouso por 15 dias por conta de um descolamento de placenta. Na segunda gravidez há quem pense que tudo é mais fácil, mais simples... Mas para mim não! Com o positivo veio uma alegria louca, mas veio também o medo, a dúvida, aquele fantasma que persegue toda mãe de segunda viagem: Será que vou conseguir amar do mesmo jeito?
Este medo naufragou antes mesmo do nosso encontro. É que na primeira gestação tudo é tão intenso que a aparente tranquilidade da segunda incita pensamentos insanos. É a loucura que acompanha toda mãe, eu acho...
A entrada para a sala de parto já não foi das mais tranquilas... Com o coração cheio de ansiedade pela chegada dele e partido de saudade e medo de não voltar a vê-la. Com uma mãe nasce também a sombra de todos os medos... E, para mim, o de morrer sem vê-los crescer é um deles.
Mas ele chegou rapidinho... E trouxe aquela emoção louca que só mesmo quem ouve aquele primeiro choro é capaz de dimensionar. Meu coração ali, naquele instante, foi invadido pelo amor por este menino sem interferir em absolutamente nada no tamanho do meu amor pela minha primogênita. Agora eram dois corações fora do meu peito e uma responsabilidade enorme de ser, para eles, a melhor mãe que eu pudesse ser.
Sophia deve ter sentido a chegada dele, mas fiz o que pude - e até o que não deveria - para suprir qualquer traço de carência ou ciúme. Não percebi nela o ciúme, mas ela sentiu um pouco não poder pega-la nos braços nos primeiros dias...
O início de Gabriel foi bastante sofrido para nós e, principalmente, para ele. Sem um diagnóstico preciso que listava Esofagite, Cólica e Refluxo como causas para seu choro sem intervalos, víamos o sol subir e descer pela varanda sem sequer fechar os olhos. A imaturidade de seu sistema digestivo, aliada à uma necessidade vital de estar em meus braços transformaram os três primeiros meses de sua vida em um desafio à nossa sanidade mental. Foi um verdadeiro teste de resistência onde o sono, para mim, ficou provado não ser de vital importância.
Hoje, percebo claramente que o que ele vivia ali era o que muitos chamam de o quarto trimestre, aquele período de três meses que o bebê necessita para se adaptar ao mundo aqui fora. Ele só dormia em cima de mim ou no sling, só acalmava quando eu o pegava no colo ou quando estava mamando... Enfim, eu praticamente o coloquei de volta em mim, só que desta vez por fora da barriga.
Passada esta fase, pudemos usufruir da alegria de ter dois bebês em casa. E eles foram crescendo com saúde e felizes.
A chegada de Gabriel estremeceu um pouco nossos planos de uma terceira gestação... Era o medo junto com o comodismo de perceber que, aos poucos, já estávamos conseguindo fazer outras coisas com eles e sem eles. À medida que eles cresciam, crescia a independência deles e a nossa.
Quando me perguntavam se teríamos mais filhos a resposta era sempre vaga e imprecisa pois, no meu íntimo, o desejo ainda era latente. Entreguei a Deus e a resposta veio de forma imediata.
A terceira gravidez, como as outras, foi com muito enjoo e pouca disposição no primeiro trimestre. Passada essa fase, caminhei até a véspera do parto e aproveitei cada dia do meu barrigão como se fosse o último. Não foi uma gestação fácil. Desenvolvi a Síndrome das Pernas Inquietas, um distúrbio neurológico que afeta o sono e que me deixou sem dormir até o dia do parto. É algo que não desejo nem a um inimigo!
O parto de Beatriz foi a vivência de um milagre e a certeza de que minha dívida com Deus jamais terei como pagar - Mas isso é assunto para outro post. Ela chegou mas minha alegria só foi completa quando ela deixou a UTI Neo Natal 7 horas após o parto e eu pude tê-la em meus braços.
Por conta das dificuldades que enfrentamos em seu nascimento, a nossa estadia no hospital foi prorrogada e meu coração seguia dividido pela alegria e pela saudade.
Como eu ansiava pelo reencontro com eles... Como eles ansiavam por conhecer a irmã!
O reencontro aconteceu e foi lindo... Naquele instante eu percebi que ali começava a minha jornada como mãe de três tesouros, que o começo seria sim um caos, que teríamos dias bem difíceis de adaptação... Mas como a vida é perfeita, há beleza, diversão e, principalmente, muito amor neste aparente "caos" que chamamos maternidade.





sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Sobre Ontem...

Deitei-me às 20:00 em uma tentativa desesperada de recuperar a noite anterior.
Nem bem me cubro, ela chora e eu visualizo aquele círculo luminoso flutuando: ela está em pé no berço, acusa a chupeta cintilante!
Assim que a pego nos braços, percebo que a febre voltou. Medico e a coloco na cama, separada de Gabriel por um travesseiro.
Gabriel começa a inquietar-se e a choramingar gemendo... Reclama de dor na perna. Nestas horas, massageio a batatinha dele com Vick Vaporub e enrolo com um cobertor bem quentinho. Acho que são as dores de crescimento, ou aquela dor de cansaço de quem não para de correr o dia inteiro. Ele se acalma e adormece. Deito-me atravessada na cama, no resto de colchão que me sobra, aos pés deles.
Pouco tempo depois ela acorda novamente. Parece que esta noite eu serei o colchão dela. Como estava febril quando deitou, deixei-a apenas com um body de manga curta. Percebo que suas perninhas estão geladinhas... Envolvo aquela bolinha de carne em seu pequeno edredon, tão macio quanto sua pele, e ela aninha-se confortavelmente em meus braços. Ela dorme, apesar do nariz congestionado e da tosse. Permito-me ficar ali com ela por um bom tempo. Puxo o celular com os pés e começo a escrever enquanto ela dorme imóvel em meu peito.
Ao meu lado, Gabriel começa a tossir. Cubro-o tentando me mexer o mínimo possível para não acordar a pequena.
Quando percebo que ela já ferrou no sono, coloco-a na cama apoiada em alguns travesseiros para facilitar sua respiração.
Antes de tentar dormir novamente, dou outro banho de Vick em Gabriel que cessa de tossir quase imediatamente e me deito pedindo a Deus que a noite seja mais leve que a anterior.
Gabriel permanece inquieto. Choraminga, geme... Deito-me entre os dois, bem agarradinha a ele, sussurrando em seu ouvido palavras de amor, acariciando seus cabelos, beijando sua testa... Ele adormece! Acordo algumas vezes durante a noite para as conferidas típicas de qualquer mãe. Cubro um, verifico a temperatura de outro, tiro o dedo da boca do príncipe... 
Pouco antes das cinco, Beatriz, na sua função despertador, acorda. Gabriel, já sentado na cama, pula para o lado dela da cama e diz: "Bom dia, minha gorduchinha linda!" e se agarra com a miúda que o retribui mostrando os poucos dentes que a natureza já lhe presenteou.
Ainda que eu tivesse passado a noite em claro, tenho certeza que acordaria grata e sorridente por poder presenciar uma cena assim.




quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Qual o Caminho?

Almocei e, como de costume, passei na Livraria Cultura para sentir aquele cheirinho de paraíso...
Fico ali, sozinha, transitando entre as estantes de livros, garimpando algum tesouro, recuperando as energias para voltar ao trabalho.
São breves minutos, mas que me fazem tão bem...
Hoje saí de lá intrigada com a estante de livros dedicada à criação dos filhos. São tantos livros que acho até impossível alguém conseguir se manter atualizada neste ramo. E, caminhando de volta pela rua, com aquele sol rachando a minha moleira, vim pensando: será que existe alguém comprando?
Eu comprei alguns, é verdade, mas recomendo pouquíssimos...
De tudo que passou pela minha mente nestes 10 minutos de caminhada, uma pergunta não conseguia calar: por que as pessoas precisam tanto de ajuda para algo que é instintivo? Por que para cada "dificuldade" estamos sempre à procura de um livro ou de um manual de instruções?
Feliz ou infelizmente, na vida as coisas não funcionam assim... Muito menos na criação de filhos, na implementação de uma rotina, na educação... Por que tudo isso parte de uma visão de mundo e cada um tem a sua. Felizes aqueles que se encontram nesta mesma visão! Quando isso ocorre, há a comunhão, a partilha, e aí, talvez, exista realmente algo que possa ajudar sem que seja preciso quebrar tanto a cabeça.
Enquanto muitos estão sentados à espera do milagre, outros estão rezando por ele!
Me entristece ver que as pessoas estão cada dia mais preguiçosas, mais acomodadas, sempre em busca da fórmula mágica que diminua seu trabalho.
Criar filhos dá trabalho, exige empenho e dedicação. Mas quem quer ter que enfrentar o choro até conseguir descobrir a razão se há um livro que diz como calar sem mesmo saber o porquê?
Todo mundo quer um filho letrado, que leia um catatal de livros por ano, mas poucos abrem um para ler;
Todos querem filhos naquele modelo padrão: limpo, quieto e educado, prontinho para você dar o beijo de boa noite e, depois, ir fazer o que está a fim depois de um dia inteiro de trabalho.
É muito mais simples procurar uma solução no livro do que criar a sua própria!
Há, na maternidade, algo que livro nenhum conseguirá traduzir: o instinto!
E, ouso dizer, é ele quem te faz mãe, que te faz apostar na dose do remédio enquanto alguns sequer imaginam a doença, que te faz prever acidentes, que te arranca força e paciência de onde você nem imaginava ter.
Há, na maternidade, o lado divino, a presença do Todo, o milagre da vida que brota de um ventre e que te aproxima cada dia mais de Deus. Quanto mais nos tornamos d'Ele, menos ajuda externa precisamos.
É em Deus que encontramos as respostas, é n'Ele que precisamos buscar a ajuda, a força, a compreensão... Quanto mais distante a humanidade estiver d'Ele, mais as prateleiras de livros de auto ajuda irão crescer...
Lembremos, entretanto, que ninguém consegue sair da areia movediça puxando a si próprio pelos cabelos.


Gratidão!

A noite foi um festival de tosse e febre...
Depois de acalmar Gabriel com um banho de Vick Vaporub, foi a vez da miúda. Ela já estava demonstrando que não iria ficar no berço, inquieta com o entupimento que a fazia largar a chupeta para respirar e criando um ciclo de bota e tira a chupeta que não me deixava sequer deitar. Então, coloquei-a na cama e começou o carnaval...
Percebi que estava com febre. Mediquei. Para minha surpresa, a pequena não estava molinha por conta da temperatura e resolveu simplesmente brincar no escuro às 02:00 da madrugada... e a "brincadeira" se estendeu até às 04:30 quando, enfim, a dormeceu e eu, sem muita opção, fiquei na cama deitada só esperando o despertador me chamar em meia hora... Mas ele perdeu sua serventia desde que Bia nasceu e, antes mesmo dele tocar, minha miúda acorda com seu bom humor invejável, cheia de alegria e disposição.
Para muitas pessoas, uma noite assim poderia ser motivo de lamento, de reclamação... Neste ponto, agradeço a Deus a disposição que Ele me dá, mas nesta noite em particular, toda essa agitação desaguou em uma profunda gratidão, em um enorme agradecimento...
Pensei nas mães que não puderam cuidar de seus filhos por que eles foram escolhidos para serem anjos no céu... Naquelas mães que não puderam fazer o que fiz muito esta noite: dormir bem agarradinha a eles, dedicando um pouco do meu sono a cada um, dispensando todo amor e cuidado para lidar com uma situação tão cotidiana...
E uma mãe, em particular, me veio à mente... E se ela chegar a ler este post, sei que saberá que estou falando dela.
Que Deus possa sempre estar presente em nossos corações, nos tornando gratas por todas as coisas de nossas vidas, até mesmo pelas noites insones, pois há mães que dariam tudo para ter este privilégio também.
Que possamos, cada dia, estar mais e mais atentas ao que Ele nos ensina, pois nem sempre é preciso viver a dor para senti-la.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

12.01.2012

12.01.2012
Poderia ser um dia comum, de um mês comum, de um ano qualquer...
Mas não foi!
Não foi pois, neste dia, você conheceu a luz e fez com que nosso mundo brilhasse com o espectro do azul fundido ao do rosa...
Foi neste dia que aquele medo idiota de não te amar transformou-se na neurose: será que eu amo mais ele? Sei que não, mas cabeça de mãe é assim...
Meu amor, há quatro anos Deus nos presenteou com sua vida. Um menino lindo, comunicativo, de um sorriso demolidor, carinhoso, extrovertido, falante, meigo, doce... São tantos adjetivos que, para definir você, teria que usar quase todos do dicionário...
Mas eu só preciso te definir de uma maneira: você é muito mais do que eu sonhei como filho... E eu te amo cada dia mais!
Você é a minha sombra, o meu grudinho, o meu menininho, o meu único menininho...
Aquele que manda e desmanda em meu coração, que o preenche com todo o azul do mar...
Seria redundante dizer que te amo, mas eu o faço, pois este amor é que me move, que me faz ser e desejar ser alguém cada dia melhor.
Parabéns, meu amor!
Que Deus te abençoe e te guarde todos os dias de sua vida. E que você continue sendo exatamente assim como é: PERFEITO!
Eu te amo MUITO!!!
Sua Mamãe