quarta-feira, 18 de julho de 2018

Maternidade, Amor ou Sacrifício?




Algumas coisas em educação infantil sempre me pareceram muito óbvias, ainda que contrárias à grande tendência atual. 
Eu costumo dizer que em matéria de maternidade, muita coisa é intuitiva, e, ainda, muito pitaco mais atrapalha do que ajuda, por isso sempre tive em mente que eu tomaria as rédeas por mais inexperiente que eu fosse. 
Na questão dos estudos, em específico, sempre foi consenso aqui em casa que só colocaríamos as crianças na escola depois dos 6 anos, pela própria questão da formação do caráter e de tudo que estes preciosos anos representam para o resto de suas vidas. Mas quis Deus que esse adiamento se prolongasse mais, tornando-se, hoje, nossa opção de vida - e morte, se necessário for. 
Não foi uma escolha fácil, mas foi extremamente consciente. E quando digo consciente, digo com relação a todas as implicações que ela traria para nossas vidas, implicações que, confesso, nem todo mundo está preparado para enfrentar. 
Eu não sou mestre em Homeschooling, acho que nunca serei. Não me sinto preparada para assumir, como algumas pessoas já me sugeriram, uma postura de coach neste assunto. Portanto, jamais direi aqui como alguém deve fazer, como deve começar, o que é certo ou errado. O máximo que continuarei a fazer é justamente isso, partilhar COMO eu faço e cada um, de acordo com seus valores, sua realidade e rotina, se encarrega de aplicar do jeito que melhor for. 
Mas eu posso dizer, de coração, que não escolha este caminho se você não tiver certeza dele... E quando eu digo certeza, eu não digo com relação ao que é melhor para seu filho, mas, principalmente, do quanto você está disposta a mudar e se doar para que esta escolha funcione.
Das muitas queixas e dúvidas que me chegam on line ou ao vivo, a mais recorrente delas é a paciência, ou a falta dela. São pessoas que chegam para me dizer que gostariam de ter a paciência que eu tenho. Eu rio, intimamente, rio tanto que se elas pudessem escutar minha alma eu até me envergonharia! 
Quando vejo alguém fugir de uma escolha ou responsabilidade por não se julgar capaz de mudar eu penso como deve ser difícil para esta pessoa conviver com o peso desta omissão...  Sim, omissão, porque se você sabe o que é melhor para o seu filho e, mesmo assim, segue procrastinando essa decisão por comodismo ou covardia, sua consciência, em algum momento, vai te pedir as contas.
Hoje, depois de pouco mais de dois anos de nossa escolha, depois de mergulhar de cabeça neste universo, posso dizer que não imagino outra vida para nossos filhos. Hoje, depois de desconstruir todos os mitos e falácias que cercam quem opta por este estilo de vida, posso afirmar com toda certeza do meu coração que não existe NADA, exceto Deus, que me impeça de seguir. Há dias mais difíceis, mas nada diferente ronque vejo em casas onde as crianças passam o dia inteiro fora.
Paciência é algo que sempre nos faltará e não é pelo fato de termos crianças 24h em casa, mas sobretudo pelas exigências que a vida acabou por depósitar em nós.
Eu sigo na minha luta pela temperança, e faz parte dela diminuir o ritmo, diminuir as cobranças desnecessárias, reorganizar as prioridades, abrir os porões e de lá retirar o resto do lixo que por décadas eu acumulei, quebrar os cristãos que ainda faltam e limpar as prateleiras para que o novonpossa ocupá-las.
Foi assim que tudo aconteceu... É assim que diariamente acontece! E o que posso mais dizer, exceto ser uma prova viva de que esta escolha não fez, faz e fará bem apenas aos nossos filhos...
Eu sou o testemunho do que o amor é capaz de fazer, daquilo que, por este amor, somos capazes de sacrificar... E afirmo com toda arrogância que eu puder ter: se um filho não mudar você, nada mais mudará!
Maternidade não é amor e sacrifício; maternidade é AMOR! Porque é justamente no sacrifício que este amor está ainda mais presente!

Waleska Montenegro.

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Socialização.



Dos inúmeros espantos que as pessoas demonstram quando digo que nossos filhos estudam em casa, a socialização está em primeiro lugar. Não parece estranho que, ao falar em estudar, as pessoas só se preocupem com a parte “social” do processo? NUNCA, e nunca é uma freqüência beeem considerável, ninguém perguntou: E eles aprendem? E eles já estão alfabetizados?

A falácia da socialização cai por terra quando estou com eles em algum lugar e eles se destacam pela desenvoltura e pelo comportamento ABSOLUTAMENTE igual ao de outras crianças. O problema da socialização não está em retirar as crianças (ou nunca colocá-las) em escolas, é muito mais profundo e vem sendo trabalhado tão sutilmente que as pessoas entram no jogo sem sequer saber das regras, lembrando, também, que estas regras mudam de acordo com quem as dita.

Assim, quando uma mãe que tem apenas um filho, que mora em apartamento, que deixa a criança o dia inteiro em frente a uma TV, que compra a coleção completa de "O Diário de Um Banana" vem com essa lorota para cima de mim, não tem como ser sutil e compreensiva não, tem que dar a ela um choque de realidade mesmo, porque ouso afirmar que 99% dos problemas de "socialização" das crianças é facilmente resolvido com um irmão, e não é "irmão de quatro patas" não, viu?

Mas a coisa foi tão bem feita que hoje em dia é impensável ter mais de dois filhos "porque eu quero dar o que eu não tive e um pouco mais", e aí, realmente, não tem como segurar a onda não... Porque para sustentar escola, inglês, kumon, judô, balé, natação, formatura de ABC nível Dubai, mochilinha anual do personagem da Disney preferido e os infinitos modismos consumistas que cobram 100 reais por uma boneca de 5cm e 300 em um tênis de neon, pais e mães apenas trabalham, transferindo suas rendas em favor deste capricho que acreditam ser o melhor para seus filhos.

A catástrofe resultante deste modelo já é vista há algumas gerações, só não acorda quem não quer! Mas é muito mais simples seguir os padrões e repetir o discurso! O problema é que a conta, quando vem, é rateada para todo mundo, mas sobretudo para esta criança, que cresce tendo TUDO em abundância exceto seus pais... 

Waleska Montenegro.

terça-feira, 10 de julho de 2018

Lar.




Das muitas coisas na vida pelas quais devemos nos esforçar, transformar nossa casa em um lar deveria estar na nossa lista de prioridades. Eu demorei um pouco a perceber isto, mas das inúmeras salvações que nossos filhos já operaram em mim, libertar-me do egoísmo está entre elas.

Ao libertar-me do egoísmo e imbuir-me deste amor imenso, nada além de uma vida ao lado deles faria sentido, ainda que repleta de dores e sacrifícios. Os sacrifícios do dia a dia passam a ter outra cor e outro sabor quando experimentamos a graça de Deus. Só mesmo Ele é capaz de nos fazer livres de tantos grilhões, mas parece que Ele usa os filhos como os portadores das chaves, o que ameniza muito a dor de todo este processo.

Eu olho para nossa casa hoje e percebo que ela não é apenas uma construção: ela é um templo sagrado, onde trabalho diária e constantemente pela nossa família. É aqui onde celebramos o amor e o perdão diariamente, onde experimentamos a providência de Deus a nos sustentar... Aqui, construímos altares para transmitir a eles a nossa fé por herança, um lugar que mistura o cheiro do café com o da vela ou do incenso queimando. Por aqui o processo veio na contramão, com a decisão de salvá-los até mesmo antes de nós. Mas, ao decidir salvá-los, estamos, dia a dia, salvando a nós mesmos...

Se você ainda não sabe por onde começar, taí um bom ponto de partida: comece transformando a sua casa em um LAR! 

Waleska Montenegro.

Sobre Desistir...



Um dos maiores obstáculos a vencer na Educação Domiciliar, a meu ver, é conseguir conviver quase diariamente com frustrações... É a criança que não está a fim de determinada atividade, ou a gente que acaba planejando algo que elas ainda não alcançam, ou já alcançaram e a tarefa ficou entediante...

Eu costumo ter sempre cartas na manga e não me intimido de mudar todo o planejamento do dia quando encontro qualquer destas resistências. E, acreditem, com o tempo a frustração passa a ser menos freqüente, a gente passa a planejar com mais precisão, a criatividade flui e encontramos boas freqüências para caminhar um tempo sem tanto cansaço.

Aos poucos eu me disciplino na ternura, em uma compreensão cada dia mais profunda de suas limitações, de seus jeitinhos únicos, ímpares de aprender. Hoje eu não consigo imaginar outra palavra melhor para definir isso tudo que não seja esta:  GRATIDÃO!

Eu cresço com eles dia a dia, experimentando este amor que me cura e me refaz, que me conduz por desertos mas, sobretudo, que me faz experimentar os mais deliciosos e tranqüilos oásis.
Sim, eu experimento o céu todos os dias! 

E, se em alguns dias eu penso em parar ou desistir, se em alguns dias as razões para desistir pesam mais, eu olho para aquela única que eu preciso para seguir: o amor!

E então sigo... 

Waleska Montenegro.

Sobre Conteúdos...


Há momentos em que parece difícil acreditar na possibilidade de apresentar determinados conteúdos para eles... É que praticamente fomos moldados com formas engessadas de que a criança não alcança determinada linguagem. Eu não canso de me impressionar com a facilidade de assimilação deles, sobretudo com a memorização de poesias e textos. É surpreendente! 

Por isso, eu tenho substituído TUDO que é possível substituir por conteúdos mais ricos, nas atividades mais básicas. Paramos o caderno do futuro e começamos a elaborar atividades com fábulas, poesias, versículos bíblicos... Textos que enriquecem inclusive a nós, cuja educação mais parece uma peneira de tão furada. 

Poderia ser mais simples? Poderia! Poderia ser menos trabalhoso? Poderia! Eu poderia simplesmente pegar um livro didático qualquer e seguir, mas estaria incorrendo no erro de trazer a escola para dentro da minha casa, limitando o horizonte de nossos filhos aos padrões ditados por um órgão incompetente, órgão este que JAMAIS definirá uma linha sequer do conteúdo que eu devo ministrar a eles. 

Seguimos por aqui em uma velocidade cada vez menor, mas cada dia mais produtiva. Não temos pretensões de formar gênios; temos o DEVER de formar Santos! 

Que Deus nos abençoe!

Waleska Montenegro