segunda-feira, 27 de junho de 2016

Leitura em Voz Alta

Não foi fácil criar uma rotina para a leitura em voz alta aqui...
Sempre tive consciência dos seus inúmeros benefícios, mas o meu cansaço e as dificuldades de atenção deles eram obstáculos quase intransponíveis para mim.
Quando iniciamos a rotina de estudos com assiduidade e disciplina, restou claro para mim que eu precisava me adaptar e vencer essas barreiras pois essa prática é fundamental no processo de alfabetização, além de uma excelente oportunidade de alimentá-los com histórias de muito conteúdo.
De início procurei livros com mais imagens. Seguindo as recomendações do curso do Professor Carlos Nadalim, fui aumentando as linhas e diminuindo as imagens até conseguirmos atravessar páginas inteiras sem nenhuma ilustração.
O caminho não foi curto. A diferença de idade entre eles é pequena, mas faz uma enorme diferença em suas capacidades de concentração. Assim, quase sempre era Gabriel quem me tirava do sério com sua desatenção. Lógico que a maior parcela de culpa pela minha irritação era o cansaço, resultado de infinitos despertares noturnos e de ter que levantar para trabalhar quando ainda é madrugada.
Eu nunca imaginei que conseguiria ter a concentração deles em textos bíblicos ou em estórias que não tratassem de seus personagens favoritos. Neste ponto, então, comecei lendo uma coleção de clássicos da Disney, cheia de personagens que eles adoravam. Foi a melhor forma que consegui de ter a atenção deles.
Como eles adoram previsibilidade, quase todas as noites eles pediam as mesma estórias, e neste aspecto fui bastante paciente, preciso me gabar, pois repeti tantas vezes que em muitas delas eles sabiam até a frase seguinte.
Quando percebi que eles já conseguiam ficar quietos escutando, parti para leituras de conteúdo, como pequenos clássicos, com versões super resumidas que foram, aos poucos, nos familiarizando com este novo tipo de leitura.
Em paralelo, trabalhei bastante o livro Ou Isto ou Aquilo, da Cecília Meireles, obra que pretendo retomar para que eles decorem por completo já que sempre me pediam os mesmos poemas todas as noites. Por conta desta preferência, alguns acabaram ficando no escanteio.
Ontem finalizamos O Livro dos Heróis, de William J. Bennet e hoje já iniciamos O Livro da Fé, do mesmo autor. Antes de ler a história principal, inicio sempre com a leitura do dia de um livro chamado Dia a Dia com os Anjinhos, um livro lindo, com estórias curtinhas mas cheias de ensinamentos. Eles adoram! Já sabem os nomes de todos os personagens.
O que percebi, desde que decidi que NADA impediria essa prática, fosse cansaço ou desatenção, foi que eles já anseiam por este momento quando os chamo para dormir. A importância desta prática, no nosso caso em particular, foi além do campo do aprendizado, pois tornou-se uma rotina que fortalece nossos laços, alimentando nossa cumplicidade e, consequentemente, nos abastecendo de amor.
Houve momentos em que pensei que não conseguiria, que bocejava a cada palavra que lia, que me irritava com a desatenção de Gabriel... Houve dias em que não li dando como justificativa o meu cansaço ou simplesmente dizendo que não estava com paciência mesmo. Mas certo dia me coloquei este propósito e permaneci firme nele, com ou sem sono, com ou sem paciência e venci. Hoje são raras as noites que não seguimos nossa rotina e os resultados desta insistência, posso dizer, são realmente fantásticos.
Foi fundamental, para mim, reconhecer a diferença de nível entre eles e respeitar, ainda que com muitas falhas, a desatenção de Gabriel. Aos poucos ele foi percebendo que aquele momento era especial, foi se interessando pelos livros e se concentrando nas leituras. 
No que diz respeito à mãe, esta prática trouxe mais um tracinho de paciência para a minha limitada cota e um caminhão de amor para meu coração. Para mim, além de uma pratica fundamental para a alfabetização deles, a leitura em voz alta foi mais uma etapa vencida em minha transformação como mãe homeschooler. Muito mais do que o desejo, o ingrediente fundamental para a implantação desta rotina foi a persistência. 


Coleção de Clássicos Infantis Todolivro. São 60  volumes com clássicos da literatura infantil.

Histórias da Bíblia. Um dos primeiros que lemos. 

Pequenas leituras para os 365 dias do ano.







terça-feira, 21 de junho de 2016

Considerações Após Quase Seis Meses

A decisão de educar nossos filhos em casa foi amadurecendo à medida que as traves caiam dos nossos olhos.
Escandalizados com os absurdos praticados nas escolas, que ensinam tudo exceto o que realmente é necessário e imprescindível, passamos a ver a questão não apenas como uma possibilidade, mas como uma necessidade.
No ano passado, como fiquei grande parte dele em casa de licença, pudemos dar início aos estudos, mas de uma forma ainda precária, sem uma rotina mais firme, sem um planejamento certo. Ainda estávamos perdidos no caminho a seguir. Naquele instante, estávamos seguindo as preciosas recomendações do curso do professor Carlos Nadalim, mas ainda não sabíamos como avançar além deste patamar.
Foi quando eu comprei o Curso do Rafael Falcón Sobre Educação Literária da Criança, assisti suas palestras sobre o Trivium, comecei a ler o Teaching The Trivium e fui, assim, conhecendo esse universo APAIXONANTE que é a Educação Domiciliar e, neste particular, a educação clássica. 
Quando apareceu a oportunidade do meu esposo trabalhar em casa, surgiu a brecha que precisávamos para implementar a coisa de maneira séria e organizada. E, assim, em janeiro deste ano, nossos filhos foram oficialmente matriculados na nossa escolinha particular, no nosso mundinho de sonhos e contos de fadas!
Preparamos uma salinha só para eles, com uma mesinha da altura deles, com livros e lápis sempre ao alcance de suas pequenas mãos e com alguns símbolos que se espalham para além deste cômodo como uma forma de mostrar-lhes que, acima do nosso limitado conhecimento, é o próprio Cristo que nos direciona e capacita a instruí-los.
A evolução deles é visível e impressionante, com saltos que sequer conseguimos entender como acontecem. Cada um no seu ritmo! Por que muito mais importante que a velocidade, é a direção pela qual os estamos conduzindo.
Sophia está formando palavras, soletrando-as, a pequenos passos de completar sua alfabetização. Já caminha com certa desenvoltura no território da adição e acumula um vocabulário de mais de 150 palavras em inglês.
Gabriel segue seus passos como seu discípulo, em um nível mais abaixo mas nem por isso inferior para uma criança de sua idade. Como falei anteriormente, cada um tem seu ritmo e sua velocidade e saber respeitar isso é fundamental nos seus processos individuais de aprendizado.
Do nosso lado, estamos crescendo como nunca imaginamos... Como pais, como marido e mulher, como pessoas... A busca pelo conhecimento necessário ao ensino dos nossos filhos está contribuindo de uma maneira inimaginável na nossa própria RE-educação. As portas que abrimos para que pudéssemos conduzi-los por elas têm nos apresentado um mundo fascinante repleto de obras que jamais sonharíamos ler.
O sono, em certos momentos, perde até sua importância. A televisão torna-se uma alternativa impensável e descartável, a internet parece, enfim, assumir seu papel em pesquisas e leituras que deixam as redes sociais em segundo plano.
O convívio diário deles conosco nos transforma como a água transforma a rocha. Se somos - e nisto somos muito - limitados em virtudes como paciência, tolerância e temperança, estamos encontrando em nossos filhos a força necessária não apenas para cultivá-las, mas para regá-las de maneira que produzam frutos.
É um caminho difícil, não há dúvidas. Trabalhamos vencemos nossos próprios obstáculos, que acredito são os mais difíceis. Mas desistir nunca foi uma opção, principalmente quando temos em mente que esta alternativa é a única que possibilitará a eles uma consciência sã e uma mente firme em valores e princípios que serão, lá na frente, a rocha que servirá de base para todo o conhecimento deles.
Vale a pena! Cada olhar torto, cada expressão de surpresa e espanto, aquela sensação de estar nadando contra a corrente, tudo isso vale a pena, e em determinados casos tornam-se até motivo de graça em nossa casa.
De minha parte, posso dizer que cada dia que passa essa decisão afirma-se não apenas como a mais correta, mas sobretudo como aquela para a qual Deus nos trabalhou - e trabalha  - silenciosamente todos os dias. E não há nada melhor do que fazer a Sua vontade.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Vou Persistir!

Há virtudes que são mais difíceis de cultivar...
Ou, melhor dizendo, há virtudes que, para algumas pessoas, são mais difíceis conquistar...
Na lista daquelas que busco alcançar, encontrei na Temperança o meu sonho de consumo, por que não é uma questão apenas de ter paciência, mas de conseguir um equilíbrio interior que se expresse em TODOS os atos. Não é apenas manter o controle naquele momento específico, mas conquistar esse controle em cada milímetro do meu ser, expressando-o dia a dia no olhar, no falar e no agir.
Não é fácil... Requer vontade e muita coragem. É preciso mexer em feridas que estão ali silentes mas não cicatrizadas, é preciso aceitar que você não é tão forte quanto imagina, que não basta apenas querer, que você vai falhar inúmeras vezes e isso pode trazer aquela velha sensação de incapacidade que pode te fazer retornar à zona de conforto para viver sempre repetindo-se, perdoando-se e iludindo-se de que a experiência cotidiana trará o que você deseja sem esforço.
Eu reluto... E não retorno! Por mais que eu caia, por mais que me doa... Eu não apenas sonho com esta conquista, eu a busco ardentemente!
Hoje é mais um dia de recomeço. Um dia em que o coração sangra pelo fracasso do destempero mas renova-se pela expectativa de um amanhã transformador. Por que trabalho comigo como se eu fosse uma ex viciada, contando dias. Estava "limpa" há um bom tempo, retornei à casa zero mas não desisti de percorrer o caminho.
O que me consola é saber que, de mãos dadas comigo, caminha Aquele que me guia.
E, sob o manto de Sua Mãe, daquela que, para mim, é o exemplo do que é ser Mãe, me abrigo nestes dias.
A esperança e a fé, pelo que parece, estão se fortalecendo neste longo processo...
Ao fortalecer outras virtudes, creio, estou traçando o caminho para alcançar a mais desejada delas...