segunda-feira, 21 de março de 2016

Inimigos Íntimos

A decisão de tardar ao máximo o contato dos nossos filhos com a tecnologia já existia antes mesmo deles nascerem.
Quando saíamos para almoçar ou jantar em restaurantes, eu costumava observar as mesas com crianças e me impressionava como o celular tem roubado vidas, sepultado diálogos e distanciado famílias...
Quando Sophia nasceu, ainda morávamos em apartamento e, portanto, a TV era seu entretenimento por bastante tempo.
Mas os contornos de Deus e Suas escolhas para nossas vidas nos levaram a trilhar  um caminho que, feliz(para nós)  e infelizmente(para a grande maioria), vai contra a correnteza do senso comum...
Moramos no mato, onde eles podem correr de pés no chão, subir em árvores, brincar ao ar livre...
Quando mudamos para cá, Gabriel tinha 2 meses e Sophia 1 ano e 7 meses - Beatriz já nasceu no "berço esplêndido"! Com a mudança, novos hábitos foram incorporados à rotina e a TV, graças a Deus, foi ficando cada dia mais de lado.
Apesar dos horários estabelecidos, certo dia percebemos que os dois estavam meio que viciados em assistir TV e, ainda, descobrimos também que a origem de determinados comportamentos que detestávamos estava exatamente enraizada naquele desenho aparentemente inocente. Certo dia, decidimos por retirar a TV deles e os inúmeros benefícios que colhemos com esta decisão eu já enumerei em outros posts.
Das diversas tecnologias que vejo roubar o tempo das pessoas, o celular, a meu ver, tem sido a mais nociva. Está sempre ali em nossa mão, com internet acesível, diversos aplicativos e redes sociais à disposição... Um verdadeiro convite à diversão! As crianças, obviamente, tendo como exemplo pais conectados e fãs de tecnologia, ganham logo seu Smartphone antes mesmo de aprender a falar. E inicia-se, assim, a construção de um abismo, a modelagem de uma mentalidade que muitas vezes inspira-se nos valores plantados pelos desenhos e não naqueles que seus pais ditam ou acreditam.
Percebo neste novo modelo de família o triunfo do comodismo, a substituição do convívio familiar pelo isolamento tecnológico, a troca de turno da babá com o celular, com a TV ou com o videogame.
As conseqüências, não se iludam, são as piores possíveis...
Desde transtornos comportamentais a déficits de atenção, passando por dificuldades de aprendizado, distúrbios de sono, entre outras "maravilhas"...
A grosso modo, concluo:
- Muitos dos gastos com filhos são superficiais e desnecessários, o que poderia implicar em mais irmãos se os pais não estivessem tão empenhados em proporcionar coisas inúteis e inapropriadas para crianças tão pequenas.
 - O plano de fundo de famílias cada dia menores, com um carimbo "padrão de qualidade" para aquelas que possuem dois filhos - sonho de consumo um casal - é o comodismo, não o aspecto financeiro;
 - O egoísmo crescente de pais cada dia mais ocupados, tem gerado filhos cada dia mais atarefados em cumprir o que lhes é imposto, tem sobrecarregado crianças que pouco tempo encontram para brincar ou, simplesmente, fazer nada. O ócio, muitas vezes, é necessário!
Enquanto isso, seguimos desconstruindo o mito da socialização, colecionando olhares de espanto e, algumas vezes, de uma admiração desconfiada. Quando nossos filhos estão no parque, na igreja, no restaurante ou onde quer que seja, eles estão verdadeiramente conosco, ainda que sob as constantes reclamações para ficarem quietos... A única diferença que tenho percebido é que, quando não estão brincando como e com as outras crianças, eles estão brincando - ou brigando - entre si, jamais com um celular.



2 comentários:

  1. Que consolo ler seu testemunho, que consolo saber que existem PAIS que sabem o grande mal que estes aparelhos fazem e que remam contra corrente, que consolo saber que tem crianças que não brincam com celulares porque... estão muito bem ocupados com seus irmãos. Louvo a Deus por sua família!

    Julie Maria

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