terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Mãetamorfose...

Ela apareceu em meio a exames que buscavam a causa para um sangramento renal... E, desde então, TUDO mudou!
Com um positivo em mãos e um sorriso de orelha a orelha, me descobri MÃE e foi, então, que fui descobrindo o que era que me faltava, o que era que preenchia aquele buraco em meu coração, como aquela última pecinha que define toda a paisagem de um quebra cabeça.
Dormi e li a gestação inteira! Procurei me informar sobre o que estava acontecendo comigo e tentei me preparar para ser algo que eu sonhei muito e por muito tempo.
Fui ZEN para a sala de parto, à espera do encontro mais desejado de toda minha vida, à espera do som daquele choro que desentupiu meu canal lacrimal fazendo jorrar rios de felicidades. Ela nasceu e, com este evento, me tornei uma mãe de primeira viagem.
Alguns contratempos adiaram nossa saída do hospital e a chegada em nossa casa só ocorreu 15 dias depois pois ela nasceu em João Pessoa. Tinha lido sobre a importância de uma rotina, de como fazê-la dormir bem, sobre amamentação e um outro catatal de coisas que acabaram naufragando na realidade que é um recém nascido. A rotina foi ela quem ditou, o sono era ela quem comandava e eu fui percebendo que gastei tempo e dinheiro em vão com alguns livros...
Vieram as cólicas, os dentes, os primeiros passos, as primeiras palavras e eu sempre ali, vivendo aquele sonho com nome e sobrenome.
Dormia quando ela dormia, continuei estudando para concurso quando ela dormia à noite, enfim, era um cansaço sem esgotamento, talvez o desejado por muitos, mas não por mim...
Quando ela completou 8 meses eu engravidei de Gabriel. E aquele cansaço quase mortal de início de gravidez somado ao sono sem precedentes do primeiro trimestre e aos enjôos que destroem, me fizeram pensar se não foram eles os inspiradores do bordão "Pede para sair!"
A gravidez já não foi das mais tranqüilas... E o esforço de cuidar grávida de uma bebê de 8 meses acabou por me colocar de repouso por 15 dias por conta de um descolamento de placenta. Na segunda gravidez há quem pense que tudo é mais fácil, mais simples... Mas para mim não! Com o positivo veio uma alegria louca, mas veio também o medo, a dúvida, aquele fantasma que persegue toda mãe de segunda viagem: Será que vou conseguir amar do mesmo jeito?
Este medo naufragou antes mesmo do nosso encontro. É que na primeira gestação tudo é tão intenso que a aparente tranquilidade da segunda incita pensamentos insanos. É a loucura que acompanha toda mãe, eu acho...
A entrada para a sala de parto já não foi das mais tranquilas... Com o coração cheio de ansiedade pela chegada dele e partido de saudade e medo de não voltar a vê-la. Com uma mãe nasce também a sombra de todos os medos... E, para mim, o de morrer sem vê-los crescer é um deles.
Mas ele chegou rapidinho... E trouxe aquela emoção louca que só mesmo quem ouve aquele primeiro choro é capaz de dimensionar. Meu coração ali, naquele instante, foi invadido pelo amor por este menino sem interferir em absolutamente nada no tamanho do meu amor pela minha primogênita. Agora eram dois corações fora do meu peito e uma responsabilidade enorme de ser, para eles, a melhor mãe que eu pudesse ser.
Sophia deve ter sentido a chegada dele, mas fiz o que pude - e até o que não deveria - para suprir qualquer traço de carência ou ciúme. Não percebi nela o ciúme, mas ela sentiu um pouco não poder pega-la nos braços nos primeiros dias...
O início de Gabriel foi bastante sofrido para nós e, principalmente, para ele. Sem um diagnóstico preciso que listava Esofagite, Cólica e Refluxo como causas para seu choro sem intervalos, víamos o sol subir e descer pela varanda sem sequer fechar os olhos. A imaturidade de seu sistema digestivo, aliada à uma necessidade vital de estar em meus braços transformaram os três primeiros meses de sua vida em um desafio à nossa sanidade mental. Foi um verdadeiro teste de resistência onde o sono, para mim, ficou provado não ser de vital importância.
Hoje, percebo claramente que o que ele vivia ali era o que muitos chamam de o quarto trimestre, aquele período de três meses que o bebê necessita para se adaptar ao mundo aqui fora. Ele só dormia em cima de mim ou no sling, só acalmava quando eu o pegava no colo ou quando estava mamando... Enfim, eu praticamente o coloquei de volta em mim, só que desta vez por fora da barriga.
Passada esta fase, pudemos usufruir da alegria de ter dois bebês em casa. E eles foram crescendo com saúde e felizes.
A chegada de Gabriel estremeceu um pouco nossos planos de uma terceira gestação... Era o medo junto com o comodismo de perceber que, aos poucos, já estávamos conseguindo fazer outras coisas com eles e sem eles. À medida que eles cresciam, crescia a independência deles e a nossa.
Quando me perguntavam se teríamos mais filhos a resposta era sempre vaga e imprecisa pois, no meu íntimo, o desejo ainda era latente. Entreguei a Deus e a resposta veio de forma imediata.
A terceira gravidez, como as outras, foi com muito enjoo e pouca disposição no primeiro trimestre. Passada essa fase, caminhei até a véspera do parto e aproveitei cada dia do meu barrigão como se fosse o último. Não foi uma gestação fácil. Desenvolvi a Síndrome das Pernas Inquietas, um distúrbio neurológico que afeta o sono e que me deixou sem dormir até o dia do parto. É algo que não desejo nem a um inimigo!
O parto de Beatriz foi a vivência de um milagre e a certeza de que minha dívida com Deus jamais terei como pagar - Mas isso é assunto para outro post. Ela chegou mas minha alegria só foi completa quando ela deixou a UTI Neo Natal 7 horas após o parto e eu pude tê-la em meus braços.
Por conta das dificuldades que enfrentamos em seu nascimento, a nossa estadia no hospital foi prorrogada e meu coração seguia dividido pela alegria e pela saudade.
Como eu ansiava pelo reencontro com eles... Como eles ansiavam por conhecer a irmã!
O reencontro aconteceu e foi lindo... Naquele instante eu percebi que ali começava a minha jornada como mãe de três tesouros, que o começo seria sim um caos, que teríamos dias bem difíceis de adaptação... Mas como a vida é perfeita, há beleza, diversão e, principalmente, muito amor neste aparente "caos" que chamamos maternidade.





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