quarta-feira, 25 de novembro de 2015

O Vínculo da Afeição!

É a constante luta contra minha própria sombra, ou contra o que restou dela depois que me tornei mãe, que dia a dia tem me redefinido como ser humano.
Uma luta contra os conceitos e paradigmas que foram construídos ao longo de anos, que buscam qualquer outra coisa exceto fortalecer o vínculo entre mãe e filho.
Tudo na maternidade, hoje, é sinônimo de anulação, de sacrifício, de trabalho... E essa constante lamúria há tempos vem me incomodando e me intrigando, como aquele sapato lindo que vemos na vitrine e que esconde, em sua beleza, aquele calo sensivelmente dolorido.
É no mínimo estranho esta gritante luta pela independência das crianças em favor da liberdade de seus pais. E o mais sinistro nesta situação é a total cegueira de alguns pais que insistem em seguir qualquer vento que sopre, exceto seu próprio entendimento, seu próprio instinto.
São pais que sofrem sentindo culpa quando seus filhos compartilham a cama mas são incapazes de sentir esta mesma culpa por deixarem seus filhos em tempo integral em uma escola.
São pais que tiram férias de seus próprios filhos por que, hoje, férias e filhos são sinônimo de cansaço, de trabalho e não de prazer.
Aos poucos, a mentalidade destas mães foi sendo moldada e hoje, este dom único, esta dádiva divina, carrega consigo o preço da independência, os traços do desamor...
Dedicar-se aos filhos, hoje, é sinônimo de organizar suas agendas e administrar suas atividades, é colocar as crianças em tempo integral em uma escola despachando-os em transportes escolares para economizar o tempo que é dedicado à carreira; é colocá-los em frente a uma TV para poder ter mais tempo livre para fazer o que deseja; é deixá-los chorar até que aprendam - ou acostumem - a dormir sozinhos quando ainda são bebês para que seja possível dormir da mesma forma que antes deles terem nascido... Quantas vezes ouvi: "Não sei como você aguenta ficar em casa com três crianças!";"Você precisa de uma babá para poder dormir à noite."; "Você precisa descansar!"... Quantas pessoas me olham com ar de reprovação quando digo que só dormi longe de meus filhos quando precisei ir ao hospital para os partos, como se  se fazer o que desejo fosse uma escravidão...
E foi assim, nesta rotina de constantes descobertas que me vi imersa neste universo tão maravilhoso, tão cheio de amor... E este amor, assim como em um processo de conversão, foi dia a dia me modificando, aparando as arestas, abrindo possibilidades e despertando desejos. E, sem perceber, os traços deste amor me redefiniram, me transformaram.
Nesta minha constante luta por ser alguém melhor para eles, alguns termos foram solidificando o entendimento desta sublime missão que é ser mãe: acho que a criação com apego e a disciplina positiva já me riscaram como tatuagem... E, neste caminho, não deixo rastros para sequer cogitar em voltar: em um mundo com conceitos cada dia mais flexíveis, a  virtude, muitas vezes, está no extremo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário