domingo, 12 de abril de 2015

Sábado de Sol

Acordei às 04:00 com uma bezerrinha animada treinando rolar na cama. Depois de praticar insistentemente, às 05:30 ela dá sinais de cansaço. Coloco-a em meus braços. Sinto o peso daquele corpinho branco e macio que se derrama relaxada. Todos os dias, para dormir, trocamos olhares até que seus olhinhos começam a pesar e suas mãozinhas vão perdendo a força ao apertar meu dedo indicador. Aos poucos vamos descobrindo - e colocando - dengos. Coloco-a no berço e me deito o mais rápido que posso pois o despertador em forma de anjo já está me dando lucro pois passamos das 05:00 e ele ainda está imóvel na cama. Ele acorda, pede o leitinho e dorme novamente. Durmo novamente na doce ilusão de que Beatriz tardará a acordar, mas a pequena parece estar viciada na mamãe e eu, como bom ópio que sou, me entrego a seus clamores ao menor sinal de desejo. Descemos. ainda na qualidade de filha única, trocamos sorrisos, olhares e nos deixamos ficar ali, sentindo aquele sol delicioso acordar, ouvindo os canários que já esperam pousados na cerca o alpiste nosso de cada dia. Às 07:00 ouço as pisadas fortes do meu menino... Ele me chama. Caminhando ofuscado pela luz, sequer me dá bom dia, sua primeira pergunta é pela sua simbionte, Sophia, que aninhada com o pai dorme pesadamente. Saio com 2/3 da prole para a feirinha de orgânicos. O anjo desafia o silêncio da manhã que inicia. Conversamos indo e vindo, registrando na nossa linha do tempo os sinais da nossa cumplicidade, do nosso amor. Preparo o café e espero o pai e a primogênita. Às 09:00, pasmem, ela desce. Linda, toda descabelada, arrastando seus inseparáveis paninhos, pede seu leite. Aos poucos, a casa vai se enchendo dos seus barulhos... Risadas, gritos, choros... O pai chama o anjo para um passeio. Enrolo a primogênita a fim de garantir um "Vale Father" para ele. Divididos entre o Clube do Bolinha e da Luluzinha, o dia segue. Dedicação exclusiva para ela enquanto Beatriz dá um de seus cochilos de 15 minutos. À medida que o tempo vai passando, ela começa a sentir a falta do irmão. Essa saudade dura pouco e meus dois homens chegam em casa. Ele trouxe para ela uma bomba de água. E não é que ela agradeceu?!? Parece que a rápida separação deixou a nossa brabinha com saudades... Aproveito que eles estão entretidos brincando - e brigando - com as bombas de água e, enquanto a miúda tira mais um cochilo, vou fazer minhas tarefas do lar... Beatriz acorda. Sigo com os três para o parque. Encontro um exército de crianças e eles logo se juntam à multidão mirim. Brincam, brigam também, distribuem sorrisos e gargalhadas. Eu, com a miúda no braço, fico ali, em um misto de amor e felicidade, só observando e agradecendo. Voltamos para casa. Banho nos três. Enquanto amamento, Gabriel relaxa da cama e dorme. Beatriz sai apagada. Coloco no berço e saio em busca da razão de tanto silêncio. Ou Sophia dormiu ou está aprontando alguma. Felizmente, desta vez foi o sono quem a calou. Com a prole embalada, ensaio uma leiturinha. Não demora muito, começo a pescar. E assim foi nosso dia... E assim começa nossa noite. Com o coração leve pela convicção de que hoje o amor prevaleceu e fomos, a maior parte do dia, os pais que sonhamos ser para eles.

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