quarta-feira, 19 de abril de 2017

Filhos, Livros e Transformações.

Eu sempre tive muito latente em mim o desejo de ser mãe, mas este acabou se realizando um pouco tarde e, infelizmente, isso me trouxe alguns arrependimentos.

Quando engravidei de Sophia eu tinha 33 anos e o desejo de ter uma prole de quatro. Foi uma gestação completamente normal, com enjôos até o terceiro mês, sono, fome... Enfim, tudo dentro do padrão. Inicialmente, considerando que moramos longe de nossas famílias, a idéia era contratar uma enfermeira para nos ajudar nos primeiros meses, mas Deus já estava trabalhando silenciosamente em mim e eu sequer percebia.

A idéia da enfermeira foi descartada antes mesmo de Sophia nascer, prevalecendo apenas a de que teríamos uma pessoa para nos ajudar com as coisas da casa e, quando eu voltasse a trabalhar, que ficasse com Sophia.

Como sou Servidora Pública, programei minhas férias apenas para quando ela nascesse, ficando mais de 6 meses em dedicação exclusiva à nossa primogênita que chegou arrebatando meu coração. O retorno ao trabalho foi difícil, inicialmente consegui ficar dois meses em meio período o que garantiu a ela esta mesma prorrogação na amamentação. Seu desmame foi natural, por escolha dela própria. Eu seguia trabalhando, vindo almoçar em casa para matar as saudades que sentia dela e estar presente em sua vida pelo menos da melhor forma que poderia àquela época. Ainda morávamos em Recife e, a esta altura, já estava grávida de Gabriel.

Sophia teve exatos 17 meses e 11 dias como filha única. No dia 12/01/2012, nasceu Gabriel e, com ela, uma sobrevivente. Nós nem imaginávamos o que estava por vir...

Gabriel nasceu, assim como Sophia, através de uma cesárea. Um parto super tranqüilo, com 39 semanas completas. Nasceu com 3 voltas no pescoço e um nó completo no cordão umbilical, presenteando a Pediatra com uma xixada assim que ela o retirou da minha barriga. Fiquei dois dias no hospital quase morrendo de tanta saudade de Sophia. Nós nunca havíamos nos separado antes.

Os primeiros meses de Gabriel foram MUITO sofridos. ele possuía algum desconforto gástrico que o impedia de dormir, chorava 24h por dia, mamava de maneira sofrida, não aceitava ninguém exceto eu. Hoje, depois de alguns livros que li, percebo que o que ele tinha é o que alguns pediatras chamam de exterogestação. Descobri isso quando já estava grávida de Beatriz, ao ver um vídeo e ler uns livros do Pediatra Harvey Karp. Para ele, os três primeiros meses do bebê podem ser considerados como o quarto trimestre da gestação. Pode parecer meio doido, mas depois do que vivemos com Gabriel fez TODO sentido para mim.

Quando Gabriel tinha pouco mais de dois meses nos mudamos para uma região mais afastada do Recife. Nos mudamos para uma casa, com jardim, em um condomínio com muita árvore, chão batido, passarinhos... Acho que foi a partir daí que Deus intensificou o Seu trabalhar em mim, pois muito do que antes fazia sentido se perdeu e eu comecei a atravessar o meu deserto e passar por minhas metamorfoses.

A questão de morar há 35 km do seu trabalho em uma cidade como Recife pode significar horas perdidas em um trânsito caótico e enlouquecedor. E logo o peso desta dupla jornada começou a pesar em mim não só fisicamente, mas sobretudo no meu emocional que já não suportava as separações diárias. Para quem desconhecia o que era saudade, posso dizer que Deus soube direitinho como me apresentar seu significado.

Mas foi com a gestação e com o nascimento de Beatriz que o ciclo se fechou...

Das três, foi sem dúvida a mais difícil. Não apenas pelo aspecto físico do cansaço por ter que dar conta de outros dois, mas por que desenvolvi uma tal de Síndrome das Pernas Inquietas que me impediu de dormir à partir do sexto mês. Eu não sabia, mas Deus já estava me preparando, me transformando, me fazendo rezar nas madrugadas solitárias onde todos dormiam e eu perambulava pela casa. Como eu só dormia quando o cansaço era maior que a agonia, e nem vou tentar descrever o que sentia pois é indefinível, eu comecei a ler bastante. A esta época, já estávamos cogitando a Educação Domiciliar e eu mergulhei fundo neste universo.

A questão é que este tipo de educação te encaminha para um estilo de vida bem diferente do padrão atual, mas que era muito próximo do que já vivíamos, considerando que nossos filhos, até então, nunca tinham ido para a escola ( e assim permanece até hoje, graças a Deus).

Inevitavelmente, você acaba encontrando algumas pessoas, encontra alguns Blogs, descobre livros, entra em crise de identidade, se descobre, verdadeiramente se converte e, então, a realidade de suas escolhas aponta na sua frente como um outdoor em neon. E nem sempre a descoberta da verdade pode reverter as conseqüências de anos de escolhas erradas, ainda que estas não tenham sido, diretamente, culpa sua.

Eu percebo, hoje de maneira cristalina, como nós, mulheres, somos achatadas pelo peso de um movimento que, de maneira sutil, destruiu nossa própria natureza. E agora, depois de sei lá quantos caracteres, vou ilustrar este post com um livro que foi fundamental no meu processo de transformação, por que, acreditem, eu tinha TUDO para ser uma destas loucas de sovaco cabeludo...


Este livro me fez ver como podemos trabalhar e defender uma causa sem sequer concordar com ela, mais, sendo inclusive contra tudo o que esta causa defende. A clareza com que este livro expõe a realidade me fez perceber, refletir e reavaliar MUITAS de minhas atitudes, sinalizando, enfim, a minha direção. E era uma direção que apontava para trás... Era um retorno, e eu comecei a caminhar sem medo de pisar no cacos dos meus próprios cristais, aqueles que eu fui quebrando um a um, aqueles que, durante anos e anos, eu colecionei.

Depois de ler O Outro Lado do Feminismo, eu mergulhei neste maravilhoso livro:


Este livro me apresentou o que sempre sonhei para mim mas que me roubaram. E eu sinalizei a Deus esta minha vontade, que crescia como cresce uma úlcera quando você não consegue encontrar uma solução para um problema. Era maio de 2016 e eu estava em casa, ainda gozando da licença maternidade de Beatriz que se prolongaria por mais alguns meses que eu juntei de férias acumuladas. Com o processo de mudança interior veio, junto, a verdadeira conversão. E o desejo de fazer TUDO o que Deus assim deseja de mim, embora a gente muitas vezes a gente não saiba o que é ou não se julgue capaz. Depois de devorar De Volta ao Lar, parti para O Amor Que Dá Vida e compreendi, então, o que é vocação e qual é a verdadeira vontade de Deus para nossas vidas.



Eu sigo, hoje, ainda sofrendo as conseqüências de descobrir este caminho de volta tão tarde, mas sigo crendo que Deus é quem sabe de TUDO, já que nenhuma folha cai de uma árvore sem que Ele tenha ciência disto. Eu não sei o que nos reserva o amanhã, mas hoje eu verdadeiramente rezo para Ele dizendo: Cumpra em mim o Teu querer, ainda que este não coincida com o meu.

Considerando que foram nossos filhos que me conduziram a este retorno, não poderia deixar de citar aqui, também, estes dois livros que foram, então, o selo de cola quente no meu processo de conversão e na nossa decisão de educar nossos filhos em casa. É impossível passar incólume a estes livros! É impossível experimentá-los sem que haja uma verdadeira transformação, exceto se seu compromisso não for com a verdade.



Ele me inspirou a escrever isto hoje, talvez seja para alguém em especial, mas a verdade é que, NADA é mais inspirador e transformador do que um testemunho. Este é o meu... Ou o início dele!

Fiquem com Deus!

2 comentários:

  1. Que lindo! Estava precisando ler isso pois passo pelo mesmo processo, já li De volta ao lar e agora estou em Do outro lado.. Você deixou o emprego?

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  2. Nossa vc falou direto ao meu coração...... Obrigada....Estou tentando encontrar meu caminho...
    Abraços Graziela

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